Galeria da Literatura
Celso Furtado
Nascimento: 26/07/1920
Morte: 20/11/2004
BIOGRAFIA
Oitavo ocupante da Cadeira 11 , eleito em 7 de agosto de 1997, em sucessão a Darcy Ribeiro e recebido pelo Acadêmico Eduardo Portella em 31 de outubro de 1997.
Celso Furtado (C. Monteiro F.) nasceu em 26 de julho de 1920 em Pombal (Paraíba) e faleceu em 20 de novembro de 2004 no Rio de Janeiro. Filho de Maurício de Medeiros Furtado, de família de magistrados, e de Maria Alice Monteiro Furtado, de família de proprietários de terra. Foi casado com a jornalista Rosa Freire d`Aguiar.
Estudos secundários no Liceu Paraibano, em João Pessoa, e no Ginásio Pernambucano, no Recife. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1944), Doutor em Economia (1948) pela Universidade de Paris (Sorbonne). Estudos de pós-graduação na Universidade de Cambridge, Inglaterra (1957), sendo Fellow do King`s College. Participou da Força Expedicionária Brasileira durante a Segunda Guerra Mundial.
Técnico de Administração do Governo Brasileiro (1944-45). Economista da Fundação Getúlio Vargas (1948-49);
Como Diretor da Divisão de Desenvolvimento da CEPAL (1949-57), contribuiu de forma decisiva, ao lado do economista argentino Raúl Prebish, para a formulação do enfoque estruturalista da realidade socioeconômica da América Latina;
Diretor do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE) (1958-59);
No Governo de Juscelino Kubitschek, elaborou o Plano de Desenvolvimento do Nordeste, que deu lugar à criação da SUDENE, órgão que dirigiu por cinco anos (1959-64);
No Governo João Goulart, foi o primeiro titular do Ministério do Planejamento (1962-63);
Com o golpe militar de 1964, teve seus direitos políticos cassados por dez anos, dedicando-se então à pesquisa e ao ensino da Economia do Desenvolvimento e da Economia da América Latina em diversas universidades como as de Yale (EUA, 1964-65), Sorbonne (França, 1965-85), American University (EUA, 1972), Cambridge (“Cátedra Simon Bolívar”- Inglaterra, 1973-74), Columbia (EUA, 1976-77);
Com a redemocratização, foi embaixador do Brasil junto à Comunidade Econômica Européia (1985-86), em Bruxelas, e Ministro da Cultura do Governo Sarney (1986-88), quando elaborou a primeira legislação de incentivos fiscais e fez a defesa da identidade cultural brasileira;
Membro do Conselho Editorial das revistas Econômica Brasileira (1954-64), Desarollo Ecnómico (Buenos Aires, 1966-70), El Trimestre Econômico (México, 1965- ), Revista de Economia Política (São Paulo, 1981- ), Pensamiento Iberoamericano (Madri, 1982- );
Membro do Conselho Acadêmico da Universidade das Nações Unidas (Tóquio, 1978-82), do Committee for Development Planning das Nações Unidas (1979-82), da South Commission (1987-91), da Commission mondiale pour la Culture et lê développement (ONU/UNESCO, 1993-95), do Comitê International de Bioéthique (UNESCO, 1995-97);
Doutor Honoris Causa das Universidades: Técnica de Lisboa (Portugal, 1987), da Estadual de Campinas-UNICAMP (Campinas, SP, 1990), Federal de Brasília (Brasília, 1991), Federal do Rio Grande do Sul (Porto Alegre, 1994), Federal da Paraíba (João Pessoa, 1996), Pierre Mendès-France (Grenoble, França, 1996), Estadual do Ceará (Fortaleza, 2001), Estadual de São Paulo-UNESP (São Paulo, 2002), Federal do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, 2002);
Membro do PEN Clube do Brasil (1991);
Em 1997, a Academia de Ciências do Terceiro Mundo, sediada em Trieste, criou o “Prêmio Celso Furtado”, outorgado a cada dois anos a um cientista social do Terceiro Mundo; Em 2001 a Fundação Carlos Chagas de Apoio à Pesquisa do estado do Rio de Janeiro instituiu o “Prêmio Celso Furtado de desenvolvimento”;
Membro da Academia Brasileira de Ciências (2003).
O economista Celso Furtado não se considerava “homem de letras”, mas homem de pensamento. Como pensador o reconhecem também críticos e estudiosos da economia, como o economista Francisco de Oliveira, ao afirmar que a obra de Celso Furtado vai além de outras interpretações da realidade brasileira, “não porque seja teoricamente superior, senão porque foi escrita in actione. Enquanto as obras anteriores explicaram e “construíram” o país do passado, a de Furtado explica e “constrói” o Brasil de seus dias”.
Na revista Estudos Avançados da USP (n.15-43,2001), Tomás Szmrecsányi, professor do Instituto de Geociências da UNICAMP, escreve que “Celso Furtado continua sendo até hoje o economista brasileiro mais conhecido e melhor conceituado no mundo todo (...) não tanto pelos cargos que ocupou aqui e no exterior, mas principalmente ao interesse e à qualidade dos seus trabalhos científicos e técnicos em áreas tão diversas como a História Econômica, a Teoria do Desenvolvimento, a Política Econômica e o Planejamento. Já se contam às dezenas os estudos monográficos, as teses universitárias e os livros que foram publicados a respeito dos seus trabalhos”.
No Correio das Artes n. 400 (de 31 de outubro de 1997), suplemento mensal de A União, de João Pessoa, Evandro Nóbrega, Coordenador Geral e Editor dessa edição comemorativa de sua recepção na ABL, registrou esse depoimento de Celso Furtado: “Quando, finalmente, aos 26 anos de idade, comecei a estudar Economia de maneira sistemática, minha visão do mundo já estava definida. Assim, a Economia não chegaria a ser mais que um instrumental, que me permitia com maior eficácia tratar problemas que vinham da observação da História ou da vida dos homens em Sociedade.Pouca influência teve a Economia, portanto, na conformação do meu espírito. Nunca pude compreender a existência de um problema “estritamente econômico”. Por exemplo, a inflação nunca foi, em meu espírito, outra coisa senão a manifestação de conflitos de certo tipo entre grupos sociais. Da mesma forma, uma empresa nunca foi outra coisa senão a materialização do desejo e Poder de um ou vários agentes sociais, em uma de suas múltiplas formas”.
Celso Furtado está entre os grandes economistas do mundo que estudaram, no pós-guerra, e de forma pioneira, os problemas do desenvolvimento econômico relacionando-os com problemas históricos, como Gunnar Myrdal, Raúl Prebisch, Ragnar Nurkse, Hans Singer e outros.
BIBLIOGRAFIA
Livros
Contos da vida expedicionária - de Nápoles a Paris. Rio de Janeiro: Zelio Valverde, 1946.
L´économie coloniale brésilienne. Tese de Doutorado da Universidade de Paris, defendida na Faculté de Droit et Sciences Economiques, junho de 1948. Tradução brasileira: Economia Colonial no Brasil nos séculos XVI E XVII. Apresentação do Prof. Tomás Szmrecsányi São Paulo: Hucitec/ Abphe (Associação Brasileira de Pesquisadores em História Econômica), 2001.
A economia brasileira. Rio de Janeiro: Editora A Noite, 1954.
Uma economia dependente. Rio de Janeiro: Ministério da Educação (Serviço de Documentação), 1956.
Perspectivas da economia brasileira. Rio de Janeiro: Instituto Superior de Estudos Brasileiros, 1958.
Uma política de desenvolvimento econômico para o Nordeste. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1959.
Formação econômica do Brasil. Rio de Janeiro: ed. Fundo de Cultura, 1959; São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1965; São Paulo: Publifolha, Coleção "Grandes nomes do pensamento brasileiro", 2000. Traduzido em espanhol, inglês, polonês, italiano, alemão, francês, japonês, romeno, chinês.
A Operação Nordeste. Rio de Janeiro: Instituto Superior de Estudos Brasileiros, 1959.
Desenvolvimento e subdesenvolvimento. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1961. Traduzido em espanhol, inglês, francês, farsi.
Subdesenvolvimento e Estado democrático. Recife: Condepe, 1962.
A pré-revolução brasileira. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1962. traduzido em francês e espanhol.
Dialética do desenvolvimento.Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1964. traduzido em espanhol e inglês.
Subdesenvolvimento e estagnação na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966. Traduzido em espanhol.
Um projeto para o Brasil. Rio de Janeiro: ed. Saga, 1968. Traduzido em espanhol, italiano, japonês.
O mito do desenvolvimento econômico.Rio e Janeiro: Paz e Terra, 1974; edição abreviada, 1996. Traduzido em espanhol, francês, polonês.
A economia latino-americana. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1976. Traduzido em francês, inglês, espanhol, italiano, sueco, alemão, japonês, chinês.
Prefácio a nova economia política. Rio de Janeiro: Paz e Terra,, 1976. Traduzido em espanhol, italiano.
Criatividade e dependência na civilização industrial.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. Traduzido em francês, inglês, alemão, espanhol.
Pequena introdução ao desenvolvimento, um enfoque interdisciplinar. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1980; São Paulo: Paz e Terra, 2000. Traduzido em espanhol e francês.
O Brasil pós-"milagre". Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. Traduzido em espanhol, francês.
A nova dependência, dívida externa e monetarismo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. Traduzido em espanhol.
Não à recessão e ao desemprego. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. Traduzido em inglês, espanhol e francês.
Cultura e desenvolvimento em época de crise. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984.
Transformação e crise na economia mundial. São Paulo: Paz e Terra, 1987. Traduzido em espanhol.
A fantasia organizada.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. Traduzido em francês, espanhol.
A fantasia desfeita. São Paulo: Paz e Terra, 1989.
ABC da dívida externa.São Paulo: Paz e Terra, 1989.
Os ares do mundo. São Paulo: Paz e Terra, 1991. Traduzido em espanhol.
Brasil, a construção interrompida. São Paulo: Paz e Terra, 1992. Traduzido em espanhol, francês.
Obra autobiográfica de Celso Furtado. São Paulo: Paz e Terra, 1997, 3 vol.
O capitalismo global. São Paulo:Paz e Terra, 1998. Traduzido em espanhol.
O longo amanhecer - Reflexões sobre a formação do Brasil. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
Em busca de novo modelo - Reflexões sobre a crise contemporânea. São Paulo: Paz e Terra, 2002. Traduzido em espanhol.
Antologias
El subdesarollo latinoamericano, ensayos de Celso Furtado. México: Fondo de Cultura Económica, 1982. Coleção Lecturas.
Obras escogidas de Celso Furtado.Antologia del pensamiento econômico y social de América Latina. Colômbia: Plaza e Janes,, 1982.
Livros e teses sobre Celso Furtado
Os fundamentos teóricos do estruturalismo: uma análise da contribuição de Celso Furtado. Tese de mestrado de A. Ribeiro Romeiro do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, UNICAMP, Campinas, 1981.
Celso Furtado, de Francisco Oliveira (org.) e Florestan Fernandes (coordenador). São Paulo: Ed. Ática, 1983.
La Idea del subdesarrollo: el pensamiento de Celso Furtado. Tese de doutorado de Carlos Mallorquín. Faculdade de Ciências Políticas e Sociais, México: Universidade Autônoma de México, 1993.
Modernização brasileira no pensamento de Celso Furtado. Tese de mestrado em sociologia de Maria Eugênia Guimarães. São Paulo: Universidade de Campinas, 1993.
Era da esperança - Teoria e política no pensamento de Celso Furtado, de Francisco de Sales Gaudêncio e marcos Formiga (org.). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.
Celso Furtado - o subdesenvolvimento e as idéias da Cepal, de Reginaldo Moraes Rio de Janeiro: Ed. Ática, 1995.
Pensamento econômico de Celso Furtado nos anos 70 e 80. Tese de ciências econômicas de Wilson Vieira. Faculdade de Economia, Universidade Federal Fluminense. Niterói, 1996.
Lê développement: qu`est-ce? L´apport de Celso Furtado. I. Sachs e A. Garcia (org.). Cahiers du Brésil Contemporain, n. 33-34. Maison des Sciences de l`Homme. Paris, 1998.
Nação e mundializaçção no pensamento de Celso Furtado. Tese de doutorado de M. Odete Santos. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, UNICAMP, Campinas, 1998.
Seca e poder - Entrevista com Celso Furtado. M.C. Tavares, M.C. de Andrade, R. Pereira. São Paulo: Ed. Fundação Perseu Abramo, 1998.
Prebisch y Furtado: el estructuralismo latinoamericano. Carlo Mallorquin e Jorge Lora (org.). Benemérita Universidade Autônoma de Puebla/Instituto de Ciencias Sociales y humanidades. México, 1999.
Entre a nação e a barbárie: os dilemas do capitalismo dependente de Caio Prado , Florestan Fernandes e Celso Furtado, de Plínio de Arruda Sampaio Junior.Rio de Janeiro: Ed. Vozes, Petrópolis, 1999.
Celso Furtado, a utopia da razão - um estudo sobre o conceito de subdesenvolvimento (1945-1964),de M.E.Guimarães. Tese de doutorado em sociologia. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1999.
Celso Furtado e o Brasil. M.C.Tavares et alii.São Paulo: Ed. Fundação Perseu Abramo, 2000.
Celso Furtado, a Sudene e o futuro do Nordeste.Marcos Formiga e Ignacy Sachs (coord.).
Atas do Seminário Internacional comemorativo do 80O aniversário de Celso Furtado. Recife: Sudene, 2000.
A grande esperança em Celso Furtado: ensaios em homenagem aos seus 80 anos. L.C. Bresser Pereira, José Marcio rego (org.), I. Sachs, H. Jaguaribe, C. Cavalcanti, O. Rodriguez, R. Bielschowsky, A. Ferrer et alii. São Paulo: Editora 34, 2001.
Progresso técnico no pensamento de Celso Furtado.Tese de mestrado de Renata C. D`Arbo. São Paulo: Faculdade de Ciências e Letras, UNESP, 2001.
Carlos Mallorquin. Celso Furtado: um retrato intelectual. Ed. Contraponto, 2005.
Celso Furtado escreveu para os principais jornais do Brasil e para grandes revistas especializadas de alcance mundial.
Referências:
ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Disponível em: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=397&sid=159. Acesso em 03 de set. de 2012.
BIBLIOTECA CELSO FURTADO. Disponível em: http://www.bibliotecacelsofurtado.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=47&Itemid=76. Acesso em 03 de set. de 2012.
Pesquisa: Maria Cláudia Leite Dias - Produtora Cultural