Galeria da Literatura
Ronaldo Cunha Lima
Nascimento: 18/03/1936
Morte: 07/07/2012
BIOGRAFIARonaldo José da Cunha Lima nasceu em Guarabira, no Brejo paraibano, em 18 de março de 1936. Formou-se em Ciências Jurídicas, e era casado com Maria da Glória Rodrigues da Cunha Lima, com quem teve quatro filhos: Ronaldo Cunha Lima Filho, Cássio Cunha Lima, Glauce Cunha Lima e Savigny Cunha Lima.
Carreira Política
Por quase meio século, Ronaldo Cunha Lima dedicou-se à carreira política. Atuou em quase todos os cargos eletivos.
Mandatos
Vereador - 1959 a 1963 Deputado Estadual - 1963 a 1967
Deputado Estadual - 1967 a 1969
Prefeito - 1969 a 1969
Prefeito - 1983
Governador - 1991 a 1994
Senador - 1995 a 2003
O poeta
Apelidado de “Poeta”, Ronaldo Cunha Lima também fez carreira como escritor, chegando a assumir a cadeira de número 14 na Academia Paraibana de Letras em 1994. Dizia-se apaixonado por poesia, sobretudo pela obra do também paraibano Augusto dos Anjos. Em 1988, venceu o programa Sem Limite, da Rede Manchete, com perguntas sobre a vida e obra de Augusto dos Anjos.
Ronaldo Cunha Lima escreveu um de seus poemas mais famosos, o Habeas Pinho, em uma situação inusitada em 1955 em Campina Grande. O poema, que virou petição na Justiça, nasceu depois que um grupo de boêmios, que fazia serenata, teve o violão apreendido pela polícia. Foi aí que os músicos recorreram ao advogado recém-formado que logo entrou com uma ação na Justiça para resgatar o instrumento musical. A ação foi escrita em forma de verso e ficou conhecida como Habeas Pinho.
O presidente da Academia Paraibana de Letras, Luiz Gonzaga Rodrigues, relembrou o desfecho do caso. "O juiz Arthur Moura foi quem deu a sentença e os músicos conseguiram o violão de volta. A ação não estava escrita nos termos técnicos, mas o juiz deixou se levar pela poesia do requerimento", disse Gonzaga Rodrigues.
Petição famosa:
HABEAS PINHO
"Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca:
O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola.
É simplesmente, doutor, um violão.
Um violão, doutor, que na verdade
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.
O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade.
Ao crime ele nunca se mistura.
Inexiste entre eles afinidade.
O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida
Que cantam as mágoas e que povoam a vida
Sufocando suas próprias dores.
O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,
É adorno espiritual do coração.
Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém seu destino se perpétua.
Ele nasceu para cantar na rua
E não para ser arquivo de Cartório.
Mande soltá-lo pelo Amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas leves e sonoras.
Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito.
É crime, porventura, o infeliz,
cantar as mágoas que lhe enchem o peito?
Será crime, e afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
perambular na rua um desgraçado
derramando na rua as suas dôres?
É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza do seu acolhimento.
Juntando esta petição aos autos nós pedimos
e pedimos também DEFERIMENTO.
Ronaldo Cunha Lima, advogado."
O juiz Arthur Moura sem perder o ponto deu a sentença no mesmo tom:
"Para que eu não carregue
Muito remorso no coração,
Determino que seja entregue,
Ao seu dono, o malfadado violão!"
BIBLIOGRAFIA
POESIA: Poemas de Sala e Quarto (Geração Editorial, 1992); 13 Poemas (Seara Nova, 1993); A Serviço da Poesia (Pen Club do Brasil, 1993); Versos Gramaticais (Massao Ohno, 1994); 50 Canções de Amor e um Poema de Espera (A União, 1997); Livro dos Tercetos (Grafset, 1998); Roteiro Sentimental (Grafset, 2001) e Poesias Forenses (Max Limonad, 2002); Eu nas Entrelinhas (Forma Editorial, 2004) e Velas Enfunadas: Poemas à Beira Mar (Ideia, 2010).
CIÊNCIA POLÍTICA, DIREITO E SOCIOLOGIA: Estado e Município na Reprodução do Espaço (A União, 1991); Seu Serviço: Volume 1 - Atividade Parlamentar (Senado Federal, 1996); Legislação Eleitoral (Senado Federal, 1997); Discursos de Paraninfo (Independente, 1998) e Livro dos Tercetos: Em Favor da Língua Portuguesa (Senado Federal, 1998).
Referências:
VANESSA SILVA. Ronaldo Cunha Lima: quase meio século de vida política. Disponível em: http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/politica/noticia/2012/07/07/ronaldo-cunha-lima-quase-meio-seculo-de-vida-politica-353279.php. Acesso em 18 de ago. de 2012.
SENADO FEDERAL. Biografia. Disponível em: http://www.senado.gov.br/senadores/senadores_biografia.asp?codparl=75 Acesso em 18 de ago. de 2012.
G1 PARAÍBA. Ronaldo Cunha Lima também é reconhecido como poeta. Disponível em: http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2012/07/ronaldo-cunha-lima-tambem-e-reconhecido-como-poeta.html. Acesso em: 18 de ago. de 2012.
Pesquisa: Maria Cláudia Leite Dias - Produtora Cultural